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Câncer de mama e a reconstrução mamaria

Quando é indicada a reconstrução mamária?
O tratamento cirúrgico do câncer de mama pode gerar uma deformidade na mama, com impacto importante na auto-imagem e naqualidade de vida da mulher. A cirurgia de reconstrução busca reparar o sentimento de mutilação física e da diminuição da feminilidade. A possibilidade de reconstrução tem que ser discutida entre o cirurgião responsável pela retirada do tumor e a paciente. Se não houver contraindicação, a reconstrução de mama tem que ser esclarecida com um cirurgião que tenha formação especializada para isso, pois é um procedimento repleto de detalhes.
Desde 1999, há uma lei (n° 9797) que trata da obrigatoriedade da cirurgia plástica reparadora da mama pela rede do SUS nos casos de mutilação decorrente do tratamento do câncer. No entanto, não havia clareza em qual momento do tratamento seria realizada a reconstrução. Em 2012, foi aprovada pelo Congresso a reconstrução no mesmo tempo da ressecção além da garantia da cirurgia após caso não seja realizada por falta de condições técnicas naquele momento. Uma grande conquista para as pacientes portadoras de câncer de mama e reconhecimento para a atuação da cirurgia plástica reparadora.
A reconstrução da mama não vai interferir no acompanhamento do câncer?
A avalição clínica e os exames auxiliares são realizados conforme a rotina orientada, independente da reconstrução mamária. Vários estudos foram realizados e não houve aumento na recidiva do câncer ou no desenvolvimento de um segundo tumor na mama reconstruída. Desta maneira, a reconstrução pode ser realizada sem influenciar o seguimento do câncer de mama.
Não tenho certeza se é melhor fazer agora ou depois que terminar o tratamento do câncer...
As inúmeras decisões necessárias no início do tratamento do câncer de mama acabam dificultando escolher reconstruir a mama, por trazer mais perguntas na sua lista de dúvidas. Antigamente, a reconstrução não era realizada na mesma cirurgia da retirada e a única opção para minimizar a deformidade da mulher era utilizar próteses presas no sutiã. Esse estigma era carregado por anos e a reconstrução era permitida somente após vários anos de seguimento do câncer. Neste período, além das sequelas físicas, as pacientes traziam graves sequelas psicológicas, sociais e familiares pela ausência da mama. Com a melhoria das técnicas de ressecção e de reconstrução, essa realidade foi mudando.
A reconstrução imediata tem muitas vantagens em comparação à tardia. O resultado estético e funcional da reconstrução é melhor quando realizada imediata à ressecção. Além disso, há menor impacto psicológico e social nos casos reconstruídos na primeira cirurgia. Na reconstrução tardia perde-se a elasticidade dos tecidos, com cicatrizes de difícil manejo e muitas vezes com a ação da radioterapia. Nos casos tardios também, observou-se que as pacientes tinham diminuição da feminilidade, autoestima e atividade sexual em comparação com as pacientes reconstruídas imediatamente.
Não sei o que quero para reconstruir. Com quem eu falo?
Na avaliação pré-operatória é fundamental esclarecer todas as dúvidas e escolher a melhor modalidade de cirurgia para cada caso. A decisão da cirurgia tem que ser adequada para cada defeito individualmente e depende da conversa franca entre o médico e a paciente. Um clima de confiança e suporte tem que ser estabelecido para seguir com tranquilidade todas as etapas do tratamento. O cirurgião plástico tem que ser habilitado nas técnicas de reconstrução e oferecer a melhor opção para o caso. Assim, o planejamento cirúrgico é fundamental.
Quero reconstruir com próteses. Posso?
A escolha pela prótese depende diretamente da qualidade do envelope de pele da mama e da espessura de cobertura sobre a prótese. Para ter um resultado favorável, pode ser necessário expandir a pele antes de colocar a prótese ou de melhorar a espessura da cobertura da pele adicionando uma camada extra com um músculo das costas chamado grande dorsal. O tipo de prótese também é importante no resultando, sendo utilizada habitualmente próteses anatômicas (formato de uma gota) por preencher de maneira mais natural o defeito.
Não quero utilizar próteses. Tudo bem?
Para realizar a reconstrução da mama com tecidos do próprio corpo é necessário ter uma área doadora capaz de gerar o volume da mama e realizar essa transferência. O lugar mais comumente utilizado é o abdome, utilizando a pele e a gordura abaixo do umbigo que é desprezada em uma cirurgia plástica estética de abdominoplastia. O aspecto final do abdome é semelhante ao da abdominoplastia estética. Existem outras áreas que podem ser utilizadas, como o glúteo e a face interna da coxa. Esse tipo de reconstrução é mais resistente aos efeitos da radioterapia e com resultados mais estáveis.
Meu médico falou que irá retirar somente uma parte da mama, preservando o resto. Como posso reconstruir?
A retirada de um segmento da mama é possível em casos selecionados de câncer de mama, sendo chamada de cirurgia conservadora. A reconstrução nestes casos depende do tamanho da mama e da quantidade que permaneceu após a retirada. Várias técnicas que se assemelham a cirurgias de redução da mama podem ser utilizadas. Algumas vezes é necessário transferir tecido da área lateral do tórax para preencher o defeito sem distorcer a mama. Nestes casos em que a ressecção da mama é parcial, indica-se a radioterapia para complementar o tratamento.
Será que vou ter que fazer radioterapia? Qual a influência na minha reconstrução?
O tratamento radioterápico pode ser necessário, conforme a decisão do mastologista e oncologista. A radioterapia exerce influência importante na flexibilidade dos tecidos e no processo de cicatrização. Durante as sessões de radioterapia pode ocorrer alterações na pele como vermelhidão, descamação e ulceração. Após o término, a região que recebeu o tratamento apresenta uma fibrose local que causa o endurecimento da pele e a dificuldade na cicatrização. Assim, apesar de não haver contraindicação do uso de próteses nestas circunstâncias, há maior índice de complicação no pós operatório com infecção, extrusão e contratura. O uso de tecidos da própria paciente para reconstrução é mais resistente à ação da radioterapia.
Quantas cirurgias vou precisar?
É difícil definir o número de cirurgias que serão necessárias para finalizar a reconstrução da mama, mas usualmente são necessárias 3 etapas. Para cada paciente é planejada uma trajetória afim de se obter o melhor resultado estético e funcional. A sequência é iniciada com um procedimento que forneça o volume da mama retirada, seguida do refinamento e melhora da simetria, finalizando com a reconstrução da aréola e mamilo. A discussão aberta e clara das etapas com o médico é fundamental para decidir a melhor técnica para cada paciente.
Minhas mamas vão ficar iguais?
A reconstrução de mama busca recuperar a forma da mama ressecada e a simetria é algo importante para o resultado estético. Para isso, nos casos em que somente uma mama tem o câncer pode ser necessário operar a mama sem tumor para melhorar a simetria no tamanho e posição. Além disso, a sensibilidade nas áreas operadas é diminuída. Deve-se conversar com o seu médico para tirar dúvidas das cicatrizes e dos cuidados necessários para se obter o melhor resultado.
Quanto tempo eu vou estar com a mama reconstruída?
O tempo de reconstrução é vinculado ao tratamento do câncer, sendo alterado se for necessário realizar quimioterapia ou radioterapia após. O intervalo entre as cirurgias depende da evolução no pós-operatório, mas é de no mínimo 3 meses.
Pode ser utilizado gordura na reconstrução da mama?
A lipoenxertia ou lipofilling é uma estratégia importante para refinar a reconstrução da mama. Após a lipoaspiração de uma área com gordura (abdome ou flancos, por exemplo) é preparada a gordura. Ela é utilizada para preencher áreas que estão deprimidas como a axila, melhorar o contorno da mama e ainda melhorar a pele que foi submetida a radioterapia. Essa técnica é geralmente empregada a partir da segunda etapa da reconstrução.
O meu tumor era benigno, mas a cirurgia deixou a minha mama visivelmente menor. O que eu faço?
Diante desta situação o ideal é conversar com o cirurgião plástico sobre qual o volume de mama que seria satisfatório. Podem ser realizadas técnicas para aumento ou redução da mama, conforme o desejo da paciente, melhorando a assimetria.

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