A cirurgia de aumento das mamas com próteses de silicone é o procedimento cirúrgico estético mais comum realizado no Brasil e nos Estados Unidos. Em 2012, foram realizadas 156 mil cirurgias de aumento das mamas. Estima-se que no mundo há entre 5 a 10 milhões de mulheres com implantes de silicone, tanto por razões cosméticas, quanto reconstrutivas.
O primeiro caso de cirurgia de aumento da mama foi descrito em 1895 para tratar uma assimetria mamária, tentando utilizar gordura.
Na década de 50 e 60, diversos materiais aloplásticos foram utilizados para aumentar as mamas. Em 1961, foi injetado silicone líquido diretamente na mama por Uchida. Esses materiais injetáveis e as técnicas iniciais apresentaram diversas complicações e não foram mais recomendadas.
A primeira prótese de silicone foi utilizada em 1962 nos Estados Unidos. Desde então houve diversas modificações e avanços tecnológicos até as próteses de mamas atuais.
PRIMEIRA GERAÇÃO DE IMPLANTES MAMÁRIOS
A primeira prótese utilizada em1962 abriu caminho para o desenvolvimento dos implantes mamários. Essa geração tinha um envelope espesso de silicone com uma costura que mantinha o gel viscoso dentro. Esses implantes apresentaram alto índice de contratura, sendo aperfeiçoados para a próxima geração.
Em 1962, nos Estados Unidos, a paciente Timmie Jean Lindsey procurou um cirurgião plástico para remover uma tatuagem na mama. Ela tinha se casado aos 15 anos, teve 6 filhos, e se divorciou aos 29 anos. Com 30 anos, foi pioneira recebendo a primeira prótese de silicone.
SEGUNDA GERAÇÃO DE IMPLANTES MAMÁRIOS
Na década de 70 os implantes foram modificados, sem costura no envelope. O silicone utilizado era mais viscoso, melhorando a consistência da prótese. Entretanto, foram identificados vazamentos de silicone através da cápsula, sendo novamente modificados.
TERCEIRA GERAÇÃO DE IMPLANTES MAMÁRIOS
Na década de 80 havia uma preocupação em conter os vazamentos de silicone, sendo realizadas mudanças na composição do envelope da prótese. Esse envelope continha mais camadas de segurança com maior espessura.
Em 1992, o FDA bloqueou o comércio das próteses de terceira geração até estudos de segurança dos implantes serem concluídos.
A partir daí houve um grande investimento em pesquisa e desenvolvimento para se adequar às exigências do FDA. Assim, foram desenvolvidas a quarta e quinta geração dos implantes mamários.
QUARTA E QUINTA GERAÇÃO DE IMPLANTES
Nesta geração, os implantes anatômicos foram introduzidos, assim como aperfeiçoamentos na texturização do envelope e modificação na coesividade do silicone. O número de camadas de segurança também aumentou.
Nos EUA, o FDA aprovou três marcas americanas para uso: Sientra (em 2012) e Allergan/Mentor (em 2013).
Atualmente os implantes são reforçados para impedir extravasamento de silicone e sem validade para troca.
POLÊMICA DOS IMPLANTES PIP
Em 2010, as próteses produzidas pela empresa francesa Poly Implant Prothese (PIP) tornaram-se alvo de denúncias e polêmica por utilizarem silicone industrial que deveria ser usado na fabricação de colchões, eletrônicos e em produtos petroquímicos. Foi comprovado também que os implantes continham um aditivo usado em combustíveis, não liberado para o uso médico, que poderia causar câncer. A empresa foi fechada no mesmo ano.
No ano seguinte, o governo francês revelou que as próteses da marca tinham um risco de ruptura maior do que o normal, e aconselhou 30 mil mulheres que tinham o implante a retirá-los. Outros países fizeram o mesmo, e o dono da empresa Jean-Claude Mass, de 72 anos, foi preso. Ele admitiu ter usado o silicone impróprio por ser "mais barato e melhor" e insistiu que eles não são perigosos.
Acredita-se que cerca de 400 mil mulheres em 65 países tenham colocado implantes da PIP, fabricante criada em 1991 que tornou-se a terceira maior do mundo no setor.
DEVO TROCAR A MINHA PRÓTESE DE MAMA?
Esse assunto é sempre discutido no consultório por quem tem ou por quem quer colocar uma prótese de silicone.
Para quem já tem prótese, é importante ter um seguimento regular com exames de imagem, principalmente para quem sintomas. Não há um consenso claro de como deve ser o seguimento para rastreamento de complicações da prótese. Pode-se realizar um ultrassom das mamas anualmente após 2-3 anos da cirurgia, alternando com uma ressonância a cada 2 ou 3 anos. O exame mais acurado é a ressonância, mas com alto custo e demorado. Além disso, para as pacientes acima de 40 anos, não há impedimento para o rastreamento de câncer de mama com mamografia em quem tem prótese de mama.
Para pacientes com próteses há mais de 10-15 anos, há uma chance maior de rotura pelo uso de implantes da terceira geração, sendo importante a decisão conjunta entre médico e paciente. Para quem colocou uma prótese PIP foi aconselhada a troca do implante independente do tempo pela composição do material e risco de rotura elevado.
Nas próteses novas, da quinta geração, houve um avanço importante na segurança dos implantes, sem prazo de validade para troca. Independente disso, há sempre o risco de rotura e o seguimento é importante da mesma maneira.