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Reimplante

O reimplante é uma cirurgia fascinante e trabalhosa, que exige o máximo de refinamento técnico e precisão para funcionar.
Para conseguir fazer essa cirurgia é importante ter uma equipe treinada e motivada, pois diversos desafios surgem durante o procedimento e a persistência é fundamental. O equipamento cirúrgico é desenhado especialmente para manusear os vasos com a maior delicadeza.
Acredito que ver o paciente submetido ao reimplante recuperando a função é uma das maiores recompensas profissionais. Nesta hora, reconhecemos que cada minuto dessa cirurgia exaustiva valeu a pena.
Entre os diversos casos de reimplante, alguns se tornaram famosos pela circunstância e dificuldade. Tem o caso do menino Murilo de 2 anos que foi uma das cirurgias mais difíceis da nossa equipe. (Vejam as reportagens nos links abaixo) O resultado superou todas as expectativas, foi sensacional. Vê-lo vivendo normalmente é algo que traz muita alegria e que não tem preço. Existem muitas outras histórias, incontáveis.
Uma das pessoas mais importantes nesta área é o cirurgião plástico Dr.Pedro Cavadas de Valência na Espanha. Tive a oportunidade de conhece-lo e ficar um período no seu serviço durante a minha especialização. Ele possui uma habilidade cirúrgica impressionante, tem excelentes resultados funcionais e é comprometido com seus pacientes. Sou eternamente grata pela oportunidade e pelos conhecimentos que adquiri quando estive lá. Ele recentemente esteve em São Paulo no Simpósio de Microcirurgia e Cirurgia da Mão do Hospital Sírio Libanês. Foi muito bom rever os casos e as aulas dele. (Veja a matéria do Estado de São Paulo)
O é reimplante?
O reimplante é uma cirurgia de alta complexidade que consiste em reconectar o segmento amputado ao seu local de origem, buscando o melhor resultado estético-funcional.
O que pode ser reimplantado?
As extremidades são os locais mais susceptíveis à amputação, principalmente os dedos e as mãos. Entretanto, além dos tradicionais reimplantes de dedos e mão, existem reimplantes de diversas estruturas do corpo. Existem casos de reimplante de braço, perna, lábio, orelha, nariz, face, couro cabeludo e pênis.
Quais as contraindicações para o reimplante?
Muitos fatores influenciam o médico no momento da decisão do reimplante. Por ser uma cirurgia complexa, o paciente tem que estar em boas condições de saúde. Muitas vezes, o acidente que causou a amputação pode ter lesado outras áreas do corpo e, assim, o reimplante não é realizado para priorizar a manutenção da vida. Além das condições de saúde, o mecanismo de amputação pode machucar muito o local do trauma, que inviabiliza a cirurgia. Outro aspecto fundamental é o tempo decorrido após o acidente e o armazenamento do segmento amputado.
Como devo transportar a parte que foi amputada?
A indicação do reimplante depende da avaliação do cirurgião especialista e para isso é essencial a transferência rápida, abreviando o tempo que o segmento amputado fica fora do corpo.
O armazenamento do segmento amputado é de extrema importância, pois tem influência direta no tempo em que se pode realizar a cirurgia. Infelizmente, muitas pessoas cometem equívocos na hora de transportar a parte que foi amputada. Muitas vezes o gelo fica em contato direto, congelando o tecido e lesando-o de maneira irreversível. O ideal é manter uma temperatura em torno de 4°C, sem contato direto com gelo ou água. Veja a ilustração da reportagem da Folha de São Paulo e aprenda a melhor maneira de conservar a parte amputada.
Quanto tempo a parte amputada pode ficar fora do corpo?
O tempo depende de como foi armazenado o segmento amputado, pois o frio aumenta o período que se pode esperar. Além disso, a quantidade de músculo amputado exerce influência no tempo. Após o acidente, a parte sem o sangue começa a sofrer e as células musculares liberam diversas substâncias que podem ser prejudiciais se retornarem para a corrente sanguínea após o reimplante. Assim, braços e pernas amputados necessitam ser reimplantados mais rápidos, pois possuem grande quantidade de músculo.
Como é a cirurgia do Reimplante?
A cirurgia de reimplante é de alta complexidade e realizada em grandes hospitais, que possuam médicos com especialização em microcirurgia. Para fazer reviver a parte amputada é necessário reestabelecer a circulação de sangue, sendo necessário reconectar os vasos rompidos. Como se fosse refazer um encanamento em canos de 1mm.
O sangue entra pela artéria e sai pela veia, compreendendo o "encanamento" no tecido. Quanto menor a estrutura e a idade do paciente, os vasos são menores, podendo ter menos que 1 mm de diâmetro. A cirurgia é muito delicada e realizada com instrumentos especiais e com microscópio, refazendo o sangue circular novamente.
Qual é a chance de dar certo?
Existe uma chance de perda do reimplante por trombose dos vasos e por infecção no pós-operatório, já que os ferimentos são complexos e contaminados. Depois da cirurgia, o paciente recebe algumas medicações específicas para evitar estas complicações.
Após a recuperação da cirurgia, a reabilitação é a parte mais importante para maximizar o ganho de função. Em casos de dedos e extremidades espera-se recuperar até 80% da função dependendo do mecanismo, nível do trauma e comprometimento com a reabilitação. Quanto maior o segmento amputado, mais longa a recuperação, pois os nervos reconectados crescem lentamente e vão reinervando os músculos e a pele. Em caso de um braço, pode demorar dois anos para recuperar a sensibilidade e movimentos dos dedos.

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