Você sabia que a paralisia de Bell é a causa mais comum de paralisia facial periférica no Brasil e no mundo?
A paralisia de Bell é a causa mais comum de paralisia de face em adultos (cerca de 75% dos casos), acometendo cerca de 20-30 pacientes a cada 100 mil pessoas por ano.
A faixa de idade mais acometida está entre 15 a 45 anos e há uma maior incidência em mulheres no final da gestação.
O nome Paralisia de Bell tem origem no médico anatomista e cirurgião Sir Charles Bell, que descreveu os primeiros casos de paralisia facial e descobriu o Nervo Facial.
Desconhecido vilão da Paralisia Facial.
A paralisia de Bell é uma paralisia de causa idiopática, ou seja, não se sabe exatamente a sua origem.
Sabe-se que há um processo inflamatório neural que gera um inchaço no nervo, comprimindo-o dentro do seu trajeto no osso da mastóide.
Acredita-se que seja uma reativação do vírus herpes tipo 1, que se encontra latente no gânglio geniculado do nervo facial, causando a inflamação e consequente paralisia.
Outros vírus também já foram relacionados, entre eles, o Influenza e alguns vírus de infecções de vias aéreas. Geralmente, algumas situações que diminuem a imunidade também estão associadas.
Fique atento ao seu rosto! Reconheça os sintomas além da paralisia da musculatura.
A Paralisia Facial de Bell é normalmente uma paralisia unilateral de início abrupto, geralmente sem sintomas de alarme. O quadro pode começar mais sutil e piorar nas primeiras 72h.
O paciente refere um desconforto no olho com dificuldade de piscar, além dificuldade na fala e para se alimentar. Alguns pacientes apresentam dor no ouvido, alteração do sabor dos alimentos e intolerância para sons altos.
Cerca de 1% dos pacientes podem ter o quadro bilateral, extremamente raro.
Tratamento imediato e precoce é importante.
O paciente com paralisia facial deve procurar atendimento imediato no pronto-socorro.
Muitas vezes o paciente acredita que a causa da paralisia é uma AVC (derrame), mas na maioria das vezes esse diagnóstico e facilmente afastado pelos sintomas, quadro clínico e exame neurológico.
A paralisia de Bell é um diagnóstico feito por exclusão, pois sua exata causa não é ainda conhecida.
Alguns exames são solicitados e os pacientes são referenciados para acompanhamento médico com um otorrino ou neurologista para prosseguir a investigação e o acompanhamento dos pacientes.
O objetivo do tratamento é controlar a inflamação para minimizar a compressão e a lesão do nervo. Quanto mais precoce e idealmente dentro das primeiras 72h, o tratamento tem mais chance de funcionar. Depois desse período, a lesão está determinada com baixa resposta ao tratamento medicamentoso.
O principal tratamento é com corticoides, que são potentes anti-inflamatórios. O uso de antivirais não é um consenso em todos os casos, mas muitas vezes prescritos.
Já no início o cuidado com o olho é fundamental! Na paralisia o piscar está lentificado e muitas vezes o olho não fecha. O uso de colírios e géis lubrificantes, além da oclusão do olho, são importantes para proteger o olho exposto.
Geralmente, os pacientes são referenciados para um especialista na reabilitação da paralisia de face, como fisioterapeutas e fonoaudiólogas, para acompanhamento e ajudam a manejar a face flácida e a retomar a coordenação.
O tempo nos traz muitas respostas na paralisia facial.
Cerca de 70% dos pacientes com diagnóstico de Paralisia de Bell recupera espontaneamente dentro do primeiro mês da paralisia. Esses pacientes podem demorar alguns meses para melhorarem completamente.
Em 20 a 30% dos casos, a lesão do nervo é mais grave e, até ele atingir novamente a musculatura, pode demorar ente 3 a 8 meses dependendo do nível de lesão.
Os casos que não apresentam sinais de melhora depois de um mês da paralisia precisam de acompanhamento pelo risco de desenvolver sequelas.
O tratamento das sequelas é especializado e demanda uma atenção especial aos detalhes de cada caso.
As sequelas têm tratamento e melhoram muito a qualidade de vida do paciente.
As chances de recuperação dependem de muitos fatores.
Um estudo que acompanhou 1364 pacientes com diagnóstico de paralisia de face de Bell avaliou fatores que se associavam com uma melhor recuperação da paralisia facial.
Fatores associados com uma MELHOR chance de recuperação:
Fatores associados com uma PIOR chance de recuperação:
FONTE: Yoo MC, Soh Y, Chon J, et al. Evaluation of Factors Associated With Favorable Outcomes in Adults With Bell Palsy. JAMA Otolaryngol Head Neck Surg. 2020;146(3):256–263. doi:10.1001/jamaoto.2019.4312
Preciso de ajuda para tratar as sequelas da paralisia. Quando posso começar?
Melhorando a qualidade de vida e a autoestima dos pacientes que não se recuperaram totalmente.
Cada paciente tem características individuais que influenciam na decisão do tratamento. O padrão de reinervação ou a ausência total de movimentação também são importantes na avaliação do tratamento das sequelas da paralisia facial.
FUNDAMENTAL: Procure um especialista dedicado no assunto. Paralisia facial é uma doença complexa.
O tratamento é direcionado para cada problema:
A Toxina Botulínica é uma grande aliada no controle do excesso de movimento e para acertar assimetrias mais discretas.
Sequelas com envolvimento de muitos músculos e mais graves podem se beneficiar de cirurgia.
Muitas vezes empregamos procedimentos estéticos em associação com a cirurgia reparadora para tratar flacidez de pele e musculatura residual e para reposicionar as estruturas.
O tratamento das sequelas traz qualidade de vida e autoestima para os pacientes com paralisia.
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